segunda-feira, 14 de julho de 2014
Artigo: Saldo da Copa 2014
(A) A primeira coisa a se fazer ao analisar a Copa do Mundo da Fifa 2014
realizada no Brasil é separar o futebol de todo o resto. A seleção
brasileira foi a maior vergonha da pátria que tem no futebol a maior
paixão em comum do povo brasileiro. O "resto" a que me refiro tem muita
coisa positiva e muita coisa negativa. Não sou analista esportivo, apenas torcedor do Potiguar de Mossoró e
do Flamengo, mas voltando à seleção, ficamos desesperadamente humilhados
pela maior derrota da nossa história. Perdemos com um time fraco
montado por um técnico turrão, cabeça dura e que insistiu por
estratégias terrivelmente equivocadas.
Falando sobre outros aspectos da Copa, tivemos problemas como superfaturamento em obras. Para se ter ideia, o Estádio Nacional Mané Garrincha, de Brasília, estava orçado em R$ 745 milhões, terminou custando R$ 1,6 bilhão. As constatações dos tribunais de contas nos estados e da União apontam que em diversas outras obras houve sobrepreço. Essa é, sem dúvida, a maior vergonha fora de campo que o país poderia sofrer. Além do sobrepreço nas obras, muitas foram anunciadas desde que o Brasil foi escolhido como país-sede. Boa parte delas sequer saiu do papel, menos de 50% ficaram prontas antes dos jogos.
Em Natal, por exemplo, muitas obras sequer foram
iniciadas, outras tantas que saíram do papel não foram concluídas.
Algumas foram entregues ao redor da Arena das Dunas. Isso se repetiu em
todo o país. A qualidade das obras é outro problema relevante. Em
Belo Horizonte, um viaduto desabou, deixando dois mortos e vinte e três
feridos. Muitos casos de estradas e ruas construídas para a Copa se
mostraram de péssima qualidade, não suportando chuva ou grande
movimento. Isso sem contar nas mortes de trabalhadores durante a
construção dos estádios.
Como que passando recibo e assumindo a
incompetência, para comprovar a falta de infraestrutura de mobilidade
urbana, o Governo Federal resolveu decretar feriado nas cidades-sede nos
dias de jogo. Muitas categorias fizeram greves justamente no período
dos jogos, o que resultou em problemas para as pessoas que precisaram
dos serviços públicos. A segurança nos estádios foi excepcional,
quase perfeita, mas longe deles a guerra urbana continuou. Em Natal, em
um único final de semana de jogo houve 22 homicídios. Fora das
cidades-sede, a realidade não se alterou em absolutamente nada. Mossoró,
por exemplo, segue inerte assistindo à barbárie que toma conta da
cidade.
Por outro lado, o povo brasileiro só recebe elogios dos milhares de turistas. O maior patrimônio do Brasil é o seu povo. Nunca duvidei disso. Os números dos frutos econômicos ainda estão sendo auferidos, mas com relação a Natal (ainda não foi divulgado nada relacionado ao RN como um todo), os turistas que estiveram na cidade durante a Copa injetaram R$ 334 milhões no comércio da cidade, principalmente com alimentos, bebidas, hospedagem, transporte e compras em geral. O índice de ocupação dos hotéis foi elevadíssimo. Isso somente durante o período da Copa.
Por muitos anos, o país colherá frutos pela realização da Copa. Dos cerca de R$ 30 bilhões gastos para realização do evento, cerca de R$ 8 bilhões foram para estádios, o resto foi todo investido em infraestrutura, segurança e outras áreas. Essas obras não vão embora junto com o sonho do hexa depois da humilhação diante da Alemanha. A publicidade espontânea gerada pelos jogos e reportagens sobre os lugares, costumes, o povo brasileiro, as belezas natrurais, calor humano etc, etc, etc ainda vão trazer muita gente ao país. O turismo é o setor da economia que mais movimenta recursos no planeta.
O saldo da Copa, de um modo geral, é, na minha opinião, positivo. Não no futebol da seleção, claro. (Artigo do vereador Lairinho Rosado no jornal O Mossoroense de 13 de julho de 2014).
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