quarta-feira, 5 de março de 2014

 

Artigo: Reflexões

Estava aproveitando um fim de tarde no Pontão, às margens do lago Paranoá, em Brasília, quando uns amigos começaram a falar sobre o livro "Quando Nietszche Chorou". Achei o assunto instigante e ao mesmo tempo fiquei chateado por não saber de nada da obra ou de seus personagens. O livro, uma ficção que fala sobre o relacionamento de figuras como Nietszche, Lou Salomé, Freud e Joseph Breuer, mesmo sendo ficção, retrata o que defendia cada um dos personagens em suas obras e pensamentos.

Comprei o livro e, para minha surpresa, concluí a leitura em um espaço de tempo muito curto. A segunda surpresa foi a de que eu já pensara em muitas das teorias contidas ali. Claro, de forma muito superficial e sem o conhecimento daquelas figuras, ícones da filosofia e psicanálise. O bom mesmo é que aquele livro fez nascer um prazer que há muito eu não desfrutava: ler livros. Sempre gostei muito de ler notícias, mas livros não era o meu forte. Hoje procuro estar sempre lendo.

Na faculdade, filosofia era só mais um assunto chato, algo abstrato e sem utilidade. Depois do livro de Irvin D. Yalom, li algumas obras de Nietszche e de outros filósofos. Também li algumas biografias e livros para leigos em filosofia. Sempre fui questionador. Sempre me causou curiosidade temas existenciais. O pouco ou quase nada que li sobre filosofia só fez servir de lenha na fogueira do mundo que é a cabeça de cada um de nós. Outra fonte de inspiração e de respostas veio através do estudo da doutrina espírita, coisa que faço há dois anos e meio.

Uma das coisas mais fáceis nessa vida é apontar o dedo. Julgar os outros não custa nada, pelo menos aparentemente. E ainda traz um suposto benefício, que é o de esconder de nós mesmos os nossos defeitos. Muitas vezes, os defeitos que mais apontamos nos outros são exatamente os que mais nos incomodamos, mesmo que inconscientemente, por possuirmos. O melhor juiz de nossos atos é a nossa própria consciência. Tem um texto de Santo Agostinho onde ele fala que diariamente, todas as noites, fazia um questionamento a si mesmo. Perguntava o que fizera de positivo naquele dia, no que podia melhorar, se precisaria pedir desculpas, corrigir erros. Esse é um exercício muito útil.

Independente de credo religioso, não há como negar que as mensagens contidas na Bíblia são sempre pregando o bem. "Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles." (Mateus 7:12) é uma passagem muito interessante. Como esperar que nos façam o bem se não fazemos ao próximo? Por que fazer aos outros o que não queremos que nos façam? Como sermos perdoados se não perdoamos?

Portanto, é imprescindível que busquemos o conhecimento, a luz da informação, para que possamos refletir sobre os nossos atos. Em todos os momentos de nossas vidas estamos fazendo escolhas, tomando decisões. Cada escolha é uma renúncia. Assim como o mal é simplesmente a ausência do bem, a reflexão pode nos dar a oportunidade de tomarmos os caminhos corretos.

Seja através da religião, da ciência ou filosofia, seja como for, o bem será sempre o bem. Se fizermos a reflexão tal qual Santo Agostinho, buscarmos ser justos e caridosos, de uma coisa eu tenho certeza, a única possibilidade é de melhorarmos a nós mesmos e a sociedade como um todo. Bom carnaval a todos. (Artigo do vereador Lairinho Rosado publicado no jornal O Mossoroense de 02 de março).

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