terça-feira, 17 de setembro de 2013
Artigo: Antes fosse pizza
"Crise do Palmeiras termina em pizza", foi assim que surgiu, ainda na
década de sessenta, a expressão "acabou em pizza". O jornalista Milton
Peruzzi referia-se a uma grande discussão dentro do Palmeiras que se
estendeu por muitas horas quando, diante da fome, os dirigentes pediram
pizza, refrigerante e vinho. Depois disso, um acordo foi feito e a crise
acabou. O termo hoje em dia é usado para se referir a investigações que
não deram em nada.
Muitas foram as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) que não deram em nada, principalmente no Congresso Nacional. Depois de instaladas, ninguém controla mais e não se sabe onde podem parar as investigações. Pode-se atirar em uma coisa e acertar em outra. Depois de muita coisa descoberta, acusações, vazamentos para a imprensa, a população fica indignada diante de tanta prova que não culminou na punição de ninguém. Apesar dos ingredientes para punir, fazem para pizza.
Em Mossoró, a oposição tentou instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (nas câmaras municipais não há CPI, mas CEI) para investigar supostas irregularidades na folha de pagamento da Prefeitura Municipal de Mossoró. As denúncias são muitas e vão desde redução irregular de salário, passando por incorporações irregulares, funcionários fantasmas até gente recebendo sem trabalhar.
A bancada governista, ocupante de dois terços das cadeiras no parlamento, foi pega de surpresa, mas após assessoria do Palácio da Resistência de um "carão" do Executivo, recorreu a um artigo do Regimento Interno que retira o poder do presidente da Casa e transfere para a Comissão de Constituição e Justiça e para o plenário, impedindo a instalação da CEI com a força do rolo compressor da fiel bancada governista.
Nas galerias da Câmara, dois tipos de espectadores: concursados que, protestando por melhores condições de trabalho, queriam a instalação da CEI na esperança de acabar com supostos desperdícios, e cargos comissionados dos gabinetes de alguns vereadores e da Prefeitura Municipal, que não queriam nem ouvir falar em investigação. Houve inclusive agressão física à presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais.
Assim como desejava o Executivo, a bancada governista, sem dar ouvidos aos apelos dos servidores e de vereadores da oposição, enterrou aquela possibilidade de esclarecer à sociedade se há irregularidades. A cortina de ferro que impede a transparência na administração municipal continua lá. O forno nem sequer foi aceso. Ingredientes para uma possível pizza nem foram levantados. (Artigo de Lairinho Rosado no jornal O Mossoroense de 15 de setembro de 2013).
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