terça-feira, 7 de maio de 2013
Artigo - O futuro das cidades
(A) Em 1800, apenas 2% da população mundial vivia nas cidades; a projeção para 2030 é de que 60% dos habitantes do planeta estejam vivendo nos centros urbanos. Em 1800, apenas uma cidade tinha mais de um milhão de habitantes, era Pequim, na China. Hoje são mais de 400 cidades com mais de um milhão de habitantes. O crescimento populacional é evidente e preocupante. A tendência é de que nos próximos anos isso se torne ainda mais rápido.
O que faz com que cada vez mais pessoas queiram viver nas cidades? Oportunidade. Achar um emprego, estudar, relacionar-se, fazer negócios, etc. Por outro lado, essa superconcentração também traz problemas como trânsito, poluição, agressão ao meio ambiente, estresse, etc. Especialistas do mundo inteiro tentam achar soluções que visem amenizar os problemas trazidos pela superpopulação. As demandas por educação, saneamento, segurança, transporte, meio ambiente, dentre outras, serão cada vez mais fortes, a pressão sobre os governos também. As soluções precisam ser estudadas e, quando para o bem, copiadas de outros lugares.
Com a globalização, a concorrência entre os países e as cidades será cada vez mais forte. Aqui mesmo em Mossoró vemos muitas pessoas de outras cidades e até países vindo morar e investir. As necessidades são muitas. Do básico do básico, como o mínimo de segurança ou acesso à saúde, até redes de fibra ótica para computadores. Estamos preparados? Pensar global, agir local. A frase simboliza bem o papel das cidades. Assim como São Paulo, Tokio, Nova Iorque ou Londres podem influir e até mudar o rumo dos países, Mossoró ou Natal podem e, de fato, influenciam no restante da região ou Estado. É necessário que cada município faça sua parte e busque solução para os seus problemas.
É mais importante investir em infraestrutura ou educação? Em festas ou qualificação? Há vinte anos não havia 15 favelas em Mossoró, hoje temos mais de 50. A cidade cresceu muito por suas riquezas naturais e localização geográfica privilegiada. Apesar de termos helicópteros e aviões particulares sobrevoando nossos céus, ainda enfrentamos problemas elementares na educação, segurança, mobilidade, saúde.
Em 1988, os estados e municípios ficavam com 76% do que era arrecadado no país, hoje ficam apenas com 36%. Em 1980, a União era responsável por 80% dos recursos destinados à saúde, hoje esse número é de 45%. Esses dados mostram como se faz necessário um novo pacto federativo no país para melhor redistribuição dos recursos entre União, estados e municípios.
Precisamos também de gestões que otimizem a aplicação dos recursos em ações e programas que visem melhorar a vida dos habitantes das cidades. Nós, antes de morarmos no país, vivemos nas cidades e é nelas que precisamos ter os serviços básicos. Não dá para ficar com "pão e circo", para engabelar, é necessário investimentos sólidos em qualificação, educação e saúde, para assim diminuirmos os problemas como segurança. Mossoró não pode ficar dependente. Para se ter uma ideia, por causa da retração de investimentos de uma única empresa, a Petrobras, foram milhares de demissões. Todos nós sabemos que o petróleo é uma fonte de energia finita, que mais cedo ou mais tarde vai acabar.
É importante o debate para se saber o que foi feito com dezenas de milhões de reais que o Executivo municipal recebeu em royalties do petróleo, mais importante ainda que nos preparemos para quando chegar o dia em que o petróleo não existir mais em nosso subsolo. Temos riquezas naturais e uma privilegiada localização geográfica. Precisamos de investimentos para que essas potencialidades sejam melhor aproveitadas e possam substituir na economia local os recursos oriundos do petróleo. Os bons exemplos estão aí. As gestões precisam estar antenadas com o que acontece mundo afora para, como disse anteriormente, pensar global, agir local. (Artigo de Lairinho Rosado publicado na edição deste domingo (05) do jornal O Mossoroense).
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