sexta-feira, 5 de abril de 2013
Entrevista com Aloízio Mercadante
O jornal Valor Econômico publicou uma entrevista com o ministro da Educação Aloízio Mercadante, hoje um dos quadros mais influentes dentro do Governo.
Destaco o trecho em que ele trata sobre a possível candidatura de Eduardo Campos (PSB) à Presidência. Sem arroubo ou radicalismo, responde com tranquilidade. Particularmente, gostei da postura do ministro.
"Valor: Com que argumento o governo pretende reconquistar o governador Eduardo Campos para a
base?
Mercadante: Quando começamos, em 1989, fui
com Lula inúmeras vezes a Pernambuco conversar
com aquela grande liderança histórica que era [o avô
de Campos] Miguel Arraes. Naquele momento tivemos ali uma participação decisiva do PSB de Arraes. A Frente Brasil Popular era PT, PCdoB e PSB.
O PSB sempre esteve no governo conosco. O Eduardo foi ministro do Lula, extremamente dedicado ao
projeto e o governo dele em Pernambuco é um êxito
compartilhado com o esforço que o governo federal
fez. Só em investimentos federais foram R$ 60 bilhões: reforma do porto, estaleiro Atlântico, duplicação de rodovia, ferrovia Transnordestina,
fábrica de hemoderivados, refinaria, polo petroquímico, a presença da Fiat [o ministro cita de
memória todas as iniciativas federais em Pernambuco]. Tudo isso foi construído em um empenho
muito grande em levar projetos estruturantes que mudaram a história de Pernambuco. Essa aliança foi
muito importante para nós e para o êxito do governo
dele. Por isso, no que depender de nós estaremos sempre empenhados em mantê-la.
Valor: Com que discurso?
Mercadante: Quero pegar uma frase [o ministropega seu iPad]. Quando Arraes tomou posse em 1963
ele disse o seguinte no discurso: "No Brasil de hoje,
como em qualquer outro país em atraso, as lutas sectárias têm que ser evitadas. Do processo da revolução
brasileira devem participar todos aqueles realmente
interessados na superação da miséria e do atraso". Essa frase é profética, porque logo em seguida a divisão
no campo popular levou ao retrocesso histórico, à ditadura que já conhecemos.
Valor: Então o argumento é o de que a divisão da esquerda pode trazer a direita de volta.
Mercadante: Essa é a visão: de que é necessária a
aliança e que o campo popular tem que estar junto,
construir unidade, manter-se unida para mudar as características do Brasil. E não se esquecer de onde viemos e para onde queremos ir.
Valor: Mas até agora o que há de real são os ataques a ele por parte do PT e, em outro palanque, o
do Ceará, a presidente Dilma adulando os que se
opõem a ele no PSB.
Mercadante: A presidenta também foi a Pernambuco anunciar investimentos. E o Ceará é outro
aliado estratégico que está com a gente durante todo
esse período. Ciro Gomes foi ministro com ela no governo Lula e o [governador do Ceará] Cid Gomes
[ambosdo PSB] é um governador que eu tenho apreço extraordinário porque é dos Estados que mais teve
avanços na educação.
Valor: Ceder lugar ao PSB não seria uma medida
eficaz para atrair de volta Eduardo Campos?
Mercadante: Eduardo Campos é um quadro que tem
todas as condições de ter papel destacado em relação
ao nosso projeto. Já foi ministro e poderá ter outros
papéis no futuro. Mas não acho correto qualquer oferta nesse sentido, mesmo porque não é isso queo move. Ele tem uma história de militância, uma vida
pública, um partido. Vai avaliar politicamente qual o
lugar dele. Queremos ele ao lado do nosso projeto.
Mas se quiser disputar uma eleição respeitaremos e
voltaremos a estar juntos no futuro."
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