terça-feira, 19 de março de 2013
Campos condena 'intolerância' contra quem discute o país
Deu em O Globo:
Encarado com desconfiança pelas principais
lideranças do PT - que já vêem nele um potencial adversário da presidente Dilma Rousseff em 2014 -, o
governador Eduardo Campos (PSB) criticou ontem os que olham "com intolerância" aqueles que se
dedicam a discutir uma "visão estratégica do país" e
garantiu que o que vem fazendo é trabalhar por "um
novoBrasil". Os comentários foram feitos ontem pela manhã, durante encontro com cerca de 2 mil mulheres, no Centro de Convenções de Pernambuco,
quando foi aplaudido de pé e recebido com as palavras de ordem "Brasil, pra frente, Eduardo
presidente".
- Estamos em processo de construção de um novo
Brasil,que precisa também de um novo pacto social e político. Não vamos arrancar o resto do machismo
que tem na máquina pública desse país com as velhas
lideranças políticas carcomidas, que nunca assumiram os compromissos de romper com esses cacoetes e deformações - afirmou, no evento que
assinalou com atraso o Dia Internacional da Mulher,
comemorado em 8 de março.
Sorridente e acompanhado da mulher, Renata Campos, o governador foi aplaudido ao chegar, durante e
após o seu discurso. Bem ao seu estilo - um dia faz
uma crítica contundente e no outro amacia - , o presidente nacional do PSB lembrou que a posição do
seu partido é de apoio ao governo que ajudou a eleger,
lembrando que a legenda esteve ao lado da presidente
em todas as matérias importantes votadas no Congresso. Mas salientou que não é por isso que irá ficar imobilizado ou calado:
-A nossa posição é de solidariedade com esse projeto
(do governo federal). Mas nós precisamos discutir o
Brasil. E isso não pode ser um incômodo, e não podem ser tratados com intolerância aqueles que vem
fazer um debate sobre visão estratégica do país. Mas
nós vamos fazer sim, e de maneira muito serena, com
o bom senso e a coragem de enxergar adiante.
Ao ser questionado se teme retaliações do governo,
perdendo cargos importantes ocupados pelo PSB,
como o Ministério da Integração e a presidência da
Chesf, reagiu:
- Não é da nossa tradição temer esse tipo de coisa,
nem da presidente agir dessa forma. Isso nos dá tranqüilidade para agir de acordo com o que a nossa consciência e nossa tradição histórica permitem. Tanto
que fomos vítimas de perseguição, cada um a seu tempo, e tivemos que enfrentar isso.
Campos afirmou ainda que o assédio que vem enfrentando - não só nas ruas como para participar de
debates em vários pontos do país - não o tem inquietado:
-Sou muito tranqüilo para os desafios. A tranqüilidade ajuda agente a encontraroutrocaminho. É
claro que tem mais telefonemas para retornar. Tem
mais convites. Mas meu foco é estar aqui, cuidar do
dia a dia do governo, fazer com ânimo o que a gente
está fazendo.
Em seguida, também responsabilizou a imprensa por
estar em evidência.
- Tem toda uma movimentação a mais por todo o
país. Vocês também são responsáveis por isso. Essa
responsabilidade não é só minha. Tem muita gente
que ajuda a criar um ambiente como esse. Sinceramente, acho que o debate precisa ser além do eleitoral - afirmou.
O assédio a Campos também é cada vez maior entre
descontentes da base governista. E até os "dilmistas"
não se furtam a marcar encontros com ele. Mesmo
com o reforço da presença do PMDB no Ministério
de Dilma na semana passada, Campos está abrindo
frentes no PMDB do Mato Grosso do Sul por meio do
senador Waldemir Moka e do governador André Puccincli, com quem almoçou duas vezes em Brasília
nos últimos dias. Outra ala do PMDB em contato
com Eduardo Campos é a comandada pelos irmãos
Viera Lima (Geddel e o deputado Lúcio), da Bahia.
O senador e empresário Armando Monteiro (PTB-PE), ex-presidente da CNI, está entre os organizadores do encontro de Campos com o bloco União e Força(PTB PR e PSC), aliado de primeira hora do governo, e que tem entre seus integrantes o
ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) - este último citado semana passada pela presidente como
parceiro fiel. O almoço com Eduardo Campos estava marcado para ontem, na liderança do PTB no
Senado, mas Campos disse que teria que viajar a São
Paulo e remarcou para depois da Páscoa.
Monteiro disse que o Convite a Campos partiu de outros companheiros do bloco União e Força, e ele, como pernambucano, está ajudando a organizar o
encontro.
- Estou achando que Eduardo está ganhando muito
espaço na opinião pública e na opinião publicada. Há
uma demanda, uma curiosidade do país, e uma busca
por alguma coisa nova nesse processo sucessório.
Ele é um político hábil e moderno, que está indo muito bem - disse Armando Monteiro.
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